Depoimento Mônica Boeira

LAMBARI

Pensando sobre quando conheci o Jairo Lambari Fernandes, de pronto veio uma cena. Alguma coisa lá pelos idos de 2006. Aquela figura magra de dar dó, com jeito encabulado, tira a boina vermelha da cabeça, dobra entre os dedos e chega à minha sala, na Gravadora Usadiscos, para que fizéssemos um plano de divulgação do disco ¨Buena Vida¨.

Eu não poderia imaginar o quando essa pessoa ia fazer parte da minha vida, dali por diante.

Não sei dizer quanto tempo conversamos, mas de fato, não tem como conhecer o Lambari e não mergulhar num universo onde música, poesia e sensibilidade andam aflorados. É um amigo fiel, de pronto te recebe com um mate e um pito. E vontade de ouvir. É das poucas pessoas que compreendem a grandiosidade da função saber ouvir. Entre um milhão de histórias engraçadas, se tem um parceiro pra o que ¨der e vier¨.

Entende de campo e da cidade. Da lida por lá e “ acá” . Já levou seus tombos na vida, batalhou muito por seu trabalho e hoje tem seu nome escrito na história da música gaúcha, por dar uma nova opção sonora pra todos nós. Descobriu que cantar o amor valia à pena. Dedicou-se a isso, e com suprema sutileza fez emergir nos mais rudes campeiros a vontade de cantar a amada, de exaltar ¨as casa¨, o piá, e a família. Na simplicidade da letra a grandiosidade da poesia.

E com essa sensibilidade conquista cada dia, mais e mais admiradores. Pessoas incrivelmente diferentes, mulheres, homens, crianças, idosos. Todos percebem a verdade na arte do Lambari. E no fundo é isso que faz a diferença. E traz a serenidade de se fazer um trabalho bem feito.

Vejo gente se emocionando quando ouve o Lambari, eu me emociono quando escuto o Lambari. E por milhares de vezes me pergunto quanto de amor o poeta usa como matéria prima dos seus versos? Por vezes os ouvintes na rádio usam a voz e os versos do Lambari para fazer bonito com sua cara metade. É mágico, especial. É bem verdade que tem parceiros de lida incríveis, que assim como ele, conseguem transmitir a música uma sensibilidade impar. Mas o coração do poeta sabe muito da vida. E do amor.

Eu simplesmente agradeço a Deus, me permitir conhecer o Lambari e poder compartilhar da amizade, deste que quando canta, faz até os cupidos suspirarem...

Mônica Boeira

Fonoaudióloga, radialista e divulgadora

Capital dos gaúchos, primavera, numa crescente do ano Santo de 2011